Bandhas yoga: contrações para trabalhar a energia vital

Bandha, uma palavra sânscrita que significa travar, fechar ou parar, desempenha um papel essencial na prática do yoga.

o que são Bandhas yoga

É um conceito fundamental que se refere ao bloqueio ou amarração energética, com o objetivo de direcionar e regular o fluxo do prana – a energia da força vital – para certas partes do corpo.

Ao incorporar os bandhas na sua prática de yoga, você pode experimentar uma transformação profunda e uma sensação de poder e controle.

  • O fluxo de energia é cuidadosamente bloqueado e direcionado para áreas específicas.
  • Os bandhas estão intimamente ligados aos chakras e ao fluxo energético no corpo.
  • A liberação dos bandhas permite que a energia flua com mais intensidade pelo corpo.

Na prática do yoga, os bandhas ajudam a fortalecer e a revitalizar o corpo físico e promovem um estado de maior consciência e concentração.

Vamos descobrir juntos como essa poderosa técnica de contração pode ser aplicada e quais os benefícios que trazem para sua prática, seja durante kriya, pranayama ou asana.

Ativando os bandhas yoga

No coração do Kundalini Yoga, encontramos os bandhas, essenciais bloqueios ou contrações, que servem como ferramentas poderosas de aprimoramento da nossa prática.

Dominar essas travas corporais — Mula, Jalandhara e Uddiyana — enriquece a vivência do yoga e aprofunda a nossa conexão interna, potencializando os resultados obtidos.

Os bandhas atuam criando contrações seletivas em pontos-chave do corpo, orientando e refinando o fluxo de prana — a vital e cósmica energia da vida.

Tais técnicas são frequentemente integradas nas meditações e kriyas do Kundalini Yoga, como uma forma de alcançar maior controle e direcionamento dessa força vital.

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Através do Mula Bandha, a trava da raiz, e do Jalandhara Bandha, a trava da garganta, selamos as extremidades da coluna vertebral, criando um poderoso canal para a energia.

Enquanto o Jalandhara Bandha impede que o prana ascenda temporariamente, o Mula Bandha evita a descida da energia e a redireciona para o centro energético do umbigo, estimulando o despertar da consciência e elevando o espírito.

Os 4 tipos de bandhas

No yoga, existem quatro bandhas essenciais, cada um com sua função distinta, frequentemente integrados a outras práticas. Curiosamente, essas técnicas também oferecem benefícios para o cotidiano.

Os quatro bandhas são:

  1. Jalandhara Bandha: contração da garganta;
  2. Uddiyana Bandha: contração do abdômen;
  3. Mula Bandha: contração do assoalho pélvico;
  4. Jihva Bandha: contração da língua.

Quando combinados durante práticas específicas de pranayamas ou meditações tântricas, esses bandhas recebem denominações únicas e contribuem para uma experiência mais intensa e focada.

Atuam como valiosos mecanismos de segurança, que intensificam o efeito de diversas técnicas e evitam a dispersão da energia vital, direcionando-a conscientemente para áreas específicas do corpo.

Além de aprimorar a prática de yoga, o engajamento dos bandhas traz vantagens significativas para a saúde do sistema nervoso e endócrino.

como praticar bandhas yoga

Benefícios

Os bandhas representam uma prática poderosa dentro do yoga, atuando diretamente nos centros vitais do cérebro, nos nadis — caminhos essenciais por onde flui o prana e nos chakras, os centros energéticos do corpo.

Essa técnica milenar é capaz de purificar e eliminar bloqueios, promovendo uma harmonização e equilíbrio profundo do praticante.

Ao praticar os bandhas, ocorre uma interrupção momentânea do fluxo sanguíneo que, quando normalizado, resulta em uma “inundação” do organismo com sangue fresco e oxigenado.

Esse processo é responsável pela eliminação de células antigas e desvitalizadas, ativando os órgãos internos.

Como consequência, observa-se um fortalecimento geral do corpo, além de uma sensação de renovação e rejuvenescimento, à medida que a circulação sanguínea é intensificada, contribuindo para uma saúde integral.

Mula bandha: bandha raiz

O mula bandha, conhecido como o bandha raiz, é uma técnica que transforma e eleva a energia vital.

Situado na região pélvica, este centro de força abrange um espaço em forma de diamante, englobando o ânus, os genitais e o períneo – a delicada região entre eles.

A prática do mula bandha envolve uma contração sutil, porém poderosa, desses músculos pélvicos, trazendo uma retenção que desperta as energias adormecidas, canalizando-as em direção à criatividade e ao poder de cura.

Este engajamento íntimo fortalece o corpo, estabiliza a mente e estimula o fluxo de energia sexual para fins mais elevados.

Tradicionalmente incorporado no término de exercícios e meditações, o mula bandha atua como um selo vital, preservando e intensificando os efeitos práticos e espirituais da prática.

Composto por três fases delicadas, esse movimento suave é uma chave mestra para o equilíbrio e o despertar interior.

Como ativar

  • Contraia o esfíncter anal, percebendo seus músculos ascenderem suavemente, deslocando-se para cima e para dentro.
  • Sustente a contração desses músculos e, simultaneamente, envolva a região em torno do seu órgão sexual, como se estivesse reprimindo a urgência de urinar.
  • Ao realizar essas ações, é provável que sinta uma discreta elevação e uma rotação interna do osso púbico.
  • Engaja agora os músculos do baixo ventre, contraindo levemente a ponta do umbigo em direção à sua coluna vertebral.

Integre essas três práticas em um único movimento suave, ágil e contínuo.

O mula bandha pode ser exercido durante a inspiração ou a expiração e, em determinadas práticas, mantido ao longo de uma sessão de meditação ou durante a execução de determinados exercícios.

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Esta técnica, conhecida como a ‘fechadura raiz’, sintetiza as energias vitais de Prana e Apana — as energias da vida e da excreção.

Ao harmonizar essas forças, uma pressão interna é gerada, propiciando a ascensão de sua energia através do corpo físico e dos chakras, de maneira moderada, estável e equilibrada.

Jalandhara bandha: bandha da garganta

O termo jalandhara refere-se à restrição do fluxo de energia que circula pelos nervos e canais sanguíneos na área cervical.

Esse efeito é amplificado de maneira notável quando combinado com o Khechari Mudra, técnica que envolve dobrar a ponta da língua em direção ao palato.

A prática conjunta destas técnicas intensifica a harmonização energética e contribui significativamente para o equilíbrio do corpo e da mente.

Como ativar

A jalandhara bandha, conhecida como a trava do pescoço, é um elemento essencial que permeia todos os exercícios de yoga, tendo uma significativa contribuição para o aperfeiçoamento da prática.

  • Acomode-se em uma posição confortável e mantenha sua coluna ereta, fortalecendo a base para sua prática.
  • Erga o peito e o esterno, abrindo espaço para a respiração fluir livremente.
  • Alongue delicadamente sua nuca, trazendo suavemente o queixo em direção ao peito, sem tensionar.
  • Preserve a cabeça nivelada e alinhada ao centro, evitando inclinações laterais ou para frente.
  • Relaxe completamente os músculos do rosto, pescoço e garganta.
  • A jalandhara bandha é ativada naturalmente com a alteração da posição entre o queixo e o peito.
  • Evite movimentos bruscos ou forçar a cabeça em qualquer direção.

Uma técnica ótima para a abertura cervical e a conservação de uma melhor postura da coluna vertebral como um todo.

Jalandhara bandha é fundamental para selar a energia circulante nas áreas superiores do tronco cerebral, facilitando um estado de concentração e meditação mais profundos.

Uddiyana bandha: trava do diafragma

Uddiyana bandhas yoga

Uddiyana, que em sânscrito significa voar ou elevar-se, é uma prática que honra seu nome ao promover o levantamento do diafragma de forma dinâmica.

Essa técnica eleva a energia vital com vigor, superando os efeitos do Mula bandha quando praticado isoladamente.

Ela proporciona uma massagem delicada aos músculos internos profundos da área lombar, atuando como um remédio excepcional para desconfortos abdominais e digestivos, além de ser um potente ativador dos sucos gástricos.

O diafragma, esse poderoso músculo, estabelece uma barreira física e energética entre o coração e a parte inferior do corpo.

Abaixo dessa fronteira situam-se os chakras inferiores, associados a comportamentos instintivos e reações automáticas.

Já acima, encontram-se os chakras superiores, ligados a ações conscientes e a uma presença mais atenta no mundo.

Como ativar

Antes de iniciar, assegure-se de que seu estômago esteja vazio para permitir a execução adequada dos movimentos.

  • Posicione-se de forma confortável, com a coluna ereta, em um local tranquilo.
  • Realize uma inspiração profunda seguida de uma exalação completa através do nariz, liberando todo o ar dos pulmões.
  • Na ausência de ar, contraia a região abdominal, trazendo-a em direção à coluna vertebral, focando principalmente na área superior ao umbigo.
  • Mantenha o tórax elevado e evite que ele colapse.
  • Com suavidade, pressione a porção inferior da sua coluna torácica para frente, mantendo a postura.
  • Sustente essa contração entre 10 a 60 segundos, conforme sua capacidade, sem forçar, cultivando uma sensação de paz e concentração.
  • Para finalizar, relaxe o abdômen e inicie uma inspiração lenta e gradual.

O uddiyana bandha, ou trava do diafragma, é uma técnica poderosa que reforça a digestão e intensifica o ‘fogo interno’, o aspecto transformador dentro do abdômen.

Esta prática estimula o chakra do coração, promovendo sua abertura e o livre fluxo energético.

Com o chakra cardíaco aberto, a tendência é desenvolver maior sensibilidade, compaixão e gentileza.

Jihva bandha: bandha da língua

O Jihva é de uso mais limitado, restringindo-se a sua execução a algumas posições.

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Para praticar essa técnica da forma correta, você deve pressionar a ponta da língua no céu da boca, com os pulmões cheios.

Conclusão

Os bandhas yoga são, sem dúvida, uma jóia da coroa do yoga, uma prática antiga, mas inegavelmente avançada.

Através do domínio dessas contrações estratégicas, os praticantes de yoga podem aprofundar a eficácia dos seus exercícios e desfrutar de benefícios que vão além do físico, alcançando o equilíbrio emocional e espiritual.

Com a prática regular e consciente dos bandhas, você cultivará um maior controle sobre o fluxo de energia vital pelo seu corpo.

Esse conhecimento, quando aplicado, pode ser transformador, conduzindo a uma jornada de autodescoberta e bem-estar integral.

Desejo que você possa explorar essas potentes ferramentas do Kundalini Yoga, pois elas prometem uma experiência rica e plena de descobertas.

Lembre-se da importância de praticar sob a orientação de um instrutor qualificado, para garantir a execução correta e segura das técnicas.

Que os bandhas yoga sejam a chave para desbloquear portas internas de sabedoria e serenidade, guiando todos nós para uma vida mais harmoniosa e plena.

Namastê.

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