O Muladhara Chakra, também conhecido como Chakra Raiz, é o alicerce da nossa estrutura física e energética.

Localizado na base da coluna, esse centro de energia é responsável por nossa conexão com o elemento terra e nossos instintos de sobrevivência, como a necessidade de segurança e estabilidade.
Índice
Como diz um velho ditado: “Raízes profundas não temem o vento.”
Meditar no Muladhara Chakra nos ajuda a encontrar essa força e equilíbrio internos, essenciais para o bem-estar físico e emocional.
Preparando o espaço de meditação
Para uma meditação eficaz, especialmente ao focar no Muladhara Chakra, um ambiente tranquilo é essencial.
Um espaço sereno facilita a concentração e nos ajuda a mergulhar mais profundamente no estado meditativo. Criar um cantinho especial em casa pode ser um passo importante nessa jornada.
Comece escolhendo um local que transmita paz e esteja livre de distrações. Adicione elementos que promovam serenidade, como incenso e velas aromáticas para purificar e acalmar o ambiente.

Uma almofada de meditação confortável também é importante para manter uma postura correta e relaxada.
Com essas práticas simples, você estará mais preparado(a) para se conectar com a energia do Muladhara e encontrar equilíbrio e harmonia no seu corpo e mente.
Postura correta para meditação
A postura adequada é essencial para uma meditação eficaz. Comece sentando-se em uma posição confortável.
Mantenha as costas retas, criando uma postura que seja ao mesmo tempo alerta e relaxada. Isso ajuda a manter o fluxo de energia e concentração.
Posicione suas mãos em cinmudrā, um gesto que promove o fluxo de energia e foco. Coloque as mãos sobre os joelhos ou no colo, com as palmas voltadas para cima ou para baixo, conforme sua preferência.
Feche os olhos gentilmente.
A prática de fechar os olhos ajuda a desconectar-se das distrações externas, promovendo um estado interno de paz e introspecção.
Inspire profundamente e vocaliza o mantra “Oṁ” três vezes, tomando consciência do corpo, especialmente da espinha dorsal e da posição dos membros.
Imagine o corpo como uma árvore, com as pernas como raízes e o tronco como parte do corpo, promovendo uma sensação de estabilidade e união com o chão.
A atenção se volta para diferentes partes do corpo, começando pela cabeça e descendo até os pés, mantendo consciência total em cada parte. Não deixe nenhuma parte do seu corpo de fora.
Permaneça por 1 ou 2 minutos em completo silêncio.
Prática do Ākásh pránáyáma
O Ākásh Pránáyáma é uma técnica de respiração que busca canalizar a energia do espaço, ou Ākásh, dentro do corpo.
Essa prática é especialmente eficaz para acalmar a mente e promover clareza mental.
Ao focar em padrões específicos de inalação e exalação, você consegue regular o fluxo de prana, a força vital do corpo, criando um estado de relaxamento profundo.
Para iniciar, já sentado confortavelmente na posição de meditação. feche os olhos e comece com algumas respirações profundas.
Inspire lenta e profundamente, segure por um instante, e então expire suavemente.
Mantenha a consciência plena da sua respiração, deixando que ela seja o foco da sua mente. A prática regular pode reduzir o estresse e aumentar a conexão com o seu eu interior.

Foco com nasikagra drishti
Nasāgra Drishti é uma técnica de concentração que envolve focar o olhar suavemente na ponta do nariz. Essa prática simples, mas poderosa, ajuda a aumentar a consciência e a concentração, essenciais para uma meditação eficaz no muladhara chakra.
Com as costas eretas, feche os olhos quase completamente, deixando apenas uma pequena abertura para visualizar a ponta do nariz. Mantenha o foco ali, afastando distrações e pensamentos vagos.
Uma dica útil é combinar essa técnica com respirações profundas e controladas, como o Ākásh Pránáyáma.
Mergulhe na prática da respiração consciente, harmonizando-se com o fluxo natural do seu ser.
Comece concentrando-se no ritmo suave da sua respiração, mantendo-a tão silenciosa quanto possível. Deixe que cada respiração seja uma dança silenciosa da vida.
Dirija sua atenção para o ponto onde o ar toca o limite exterior das narinas. É o limiar que define a jornada do ar, ora dentro, ora fora do seu corpo. Permaneça com consciência total nesse ponto de transição.
Em seguida, expanda sua percepção além das narinas. Observe a dança do ar que entra e sai. Ao exalar, sinta o movimento do ar que se afasta, substituído pelo novo ar que chega ao inalar. Cada respiração é um ciclo de renovação.
Mantenha-se em plena consciência durante este processo, procurando tornar sua respiração cada vez mais silenciosa.
Sutilize sua respiração, prolongando gradualmente tanto a inspiração quanto a expiração, mas sem esforço. Permita que sua respiração seja leve e sutil, como uma suave brisa.
Ativação do mūla bandha
A prática do mūla bandha envolve a contração do períneo, uma técnica sutil mas poderosa para ativar o muladhara chakra.
Para começar, com a coluna ereta e as mãos em cinmudrā. Inspire profundamente e, ao expirar, contraia suavemente os músculos do períneo.
Mantenha essa contração por alguns segundos antes de relaxar.
Essa prática regular traz inúmeros benefícios.
Fisicamente, fortalece os músculos do assoalho pélvico, enquanto energeticamente, ajuda a estabilizar e equilibrar a energia vital do corpo.
O mūla bandha pode aumentar a clareza mental e promover uma sensação de segurança interna, essencial para quem busca viver em harmonia com o corpo.
Imagine um quadrado de cor amarela açafrão, gravado dentro de um lótus de quatro pétalas vermelhas, enquanto associa o bījamantra e o mūlabandha. Este quadrado simboliza pṛthivī, o elemento terra, e evoca em você o sentido do olfato.
Mergulhe nesse quadrado e sinta o delicado aroma do sândalo do corpo sutil. Experimente essa fragrância. Visualize o bīja mantra Lam em uma tonalidade dourada, vibrando sobre o quadrado.
Acima do bīja, desenhe mentalmente um triângulo vermelho invertido, o yantra de kuṇḍalinī śakti. No seu interior, está o svāyambhu liṅgam, uma base criadora que resplandece como um diamante.
No centro do mūlādhāra chakra, uma serpente repousa adormecida, enrolada três vezes e meia ao redor do liṅgam, simbolizando kuṇḍalinī, a energia vital.
A cabeça da serpente aponta para cima, em direção ao sahasrāra. De sua boca aberta, ganham vida três principais nāḍīs: īḍā, piṅgailā e suṣumṇā.
Recitação do bīja mantra
O mantra Oṁ é considerado o som primordial no contexto da meditação, encapsulando a essência do universo e a realidade absoluta, Brahman.
Como o “mantra semente” ou bīja mantra, o Oṁ atua como uma poderosa ferramenta de conexão com a consciência mais profunda e de harmonização do corpo e mente.
Esse mantra desperta a espiritualidade, proporciona estabilidade e clareza mental.
Para recitar corretamente o bīja mantra do muladhara chakra, comece sentando-se confortavelmente em posição de meditação.
Foque sua atenção na repetição mental do Oṁ, permitindo que a vibração ressoe e abra seu centro de energia.
A prática regular e intencional do Oṁ, como descrita em tradições antigas, pode facilitar uma união entre o atman e o Brahman, levando a uma compreensão mais profunda de si mesmo e do cosmos.
Visualização do centro de força

Para iniciar a visualização do muladhara chakra, comece por fechar os olhos e trazer sua atenção para a base da coluna.
Imagine uma raiz se estendendo da sua coluna em direção à terra, simbolizando estabilidade e segurança. Visualize uma luz vermelha brilhante nesse local, representando o poder e a energia do chakra raiz.
Enquanto mantém essa imagem mental, sinta a energia fluir através do seu corpo.
Permita que a vibração do mantra Oṁ ressoe dentro de você, intensificando a experiência. A cada respiração, imagine essa luz se expandindo, envolvendo todo o seu ser.
Para aprofundar a prática, concentre-se na sensação de conexão com a terra, percebendo como essa energia traz equilíbrio e uma sensação de ancoragem.
Se em algum momento você perder a conexão com a imagem, reconstrua tudo novamente com atenção plena: comece com uma respiração lenta e consciente, associada ao mūlabanda.
Visualize a repetição mental do bīja mantra Lam e o quadrado de cor açafrão, que representa o yantra do elemento terra.
Concentre-se no despertar do sentido do olfato, visualize as quatro pétalas vermelhas, o bīja mantra vibrando sobre o quadrado, e o triângulo vermelho invertido.
Imagine o liṅgam, a serpente enroscada, e as nāḍīs emergindo da sua boca.
Visualize também o elefante Airavāta, com suas sete trombas, e as figuras de Balabrahmā, o Brahmā criança, Dakiṇī Śakti e Gaṇesha.
O elefante Airavāta se encontra abaixo do triângulo, com sua pele cinza clara. Ele possui sete trombas com suas cores do arco-íris.
Do lado esquerdo vemos Balabrahmā, o Brahmā criança. É uma criança radiante, possuidora de quatro cabeças e quatro braços, com a pele dourada como o trigo maduro.
Veste um dhoti amarelo vibrante, enquanto um manto verde repousa sobre seus ombros. Seu olhar abrange todas as direções simultaneamente. Na mão superior esquerda, segura graciosamente uma flor de lótus.
No braço esquerdo superior, ele segura os Vedas, enquanto no braço direito inferior mantém o amṛtakūmbhaka, o pote do licor que representa a imortalidade. A outra mão realiza o gesto abhāya, que dissipa o medo e traz segurança.
Ao seu lado encontra-se Dakiṇī, a poderosa śakti do chakra. Ela se destaca com uma cabeça única e quatro braços distintos.
Sua pele exibe um cativante tom rosa, enquanto ela veste um deslumbrante sāri vermelho que acentua sua presença.
Seus olhos, intensamente vermelhos, refletem sua energia vibrante. Na mão superior esquerda, segura um imponente tridente, enquanto a outra mão esquerda ostenta uma caveira enigmática.
A mão inferior direita empunha um escudo protetor e, na outra mão, ela maneja uma espada afiada, pronta para qualquer batalha.
Gaṇesa, o regente do chakra, é uma figura fascinante com sua pele de tom alaranjado vibrante.
Ele veste um dhoti amarelo que destaca sua presença majestosa, enquanto um elegante pano de seda verde repousa sobre seus ombros.
Dotado de quatro braços, Gaṇesa segura graciosamente uma flor de lótus em sua mão superior esquerda, símbolo de pureza e beleza.
Na outra mão esquerda, ele carrega uma bandeja de doces, oferecendo generosamente doçura e abundância.
Imagine agora que o mūlādhāra se transforma em um lótus vermelho incandescente. Gradualmente, esse lótus começa a girar, formando um vórtice de energia que gira vertiginosamente.
Permita-se mergulhar nesse redemoinho. Atente-se ao sentido do giro e sinta a vibração da energia primal pulsando intensamente através de você.
Permaneça imerso nesta visualização por 5 minutos em silêncio.
Agora, a imagem do lótus do mūlādhāra começa a desaparecer.

Conclua suavemente sua meditação, mantendo os olhos fechados por mais um minuto, em completo silêncio.
Esteja plenamente consciente do momento presente, de seus sentimentos, do impacto da prática e do local onde você se encontra. Lentamente, comece a se mover.
Abra os olhos com tranquilidade. A prática de meditação está concluída. Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ.
Benefícios da meditação no muladhara
A prática regular de meditação no muladhara chakra oferece uma base sólida para alcançar estabilidade emocional e física.
Ao equilibrar esse chakra, sentimos uma profunda conexão com a terra, o que nos ajuda a nos sentir mais ancorados e seguros.
Essa sensação de estabilidade é essencial para enfrentar os desafios diários com mais resiliência.
Além disso, a meditação no muladhara promove uma segurança interior ao encorajar a autoconsciência e a presença.
A paz interior começa no momento em que você escolhe não permitir que outra pessoa ou evento controle suas emoções.
Esta prática fortalece a confiança em si mesmo, reduz a ansiedade e o estresse, criando um ambiente mental mais seguro e harmonioso.

Conscientização corporal
Para alcançar uma conexão mais profunda durante a meditação no muladhara chakra, é essencial construir uma imagem mental do corpo. Imagine cada parte do seu corpo, desde os pés até o topo da cabeça, como se estivesse desenhando um mapa interno.
Esta visualização ajuda a trazer consciência para as áreas que muitas vezes ignoramos no dia a dia.
Ao criar essa imagem, permita-se sentir o corpo. Sinta o contato dos pés com a terra, a estabilidade que ela oferece. Esta prática não é apenas sobre visualizar, mas também sobre sentir cada parte, cada vibração do seu corpo.
A recitação do mantra Oṁ pode intensificar essa conexão, harmonizando o corpo e a mente. Este é um convite para estar presente e se conectar verdadeiramente com seu ser físico e espiritual.
Se a mente divagar, não se preocupe; gentilmente, traga seu foco de volta à prática. Lembre-se de que a consistência é mais importante do que a duração da meditação.
Conclusão
Uma prática regular de meditação no muladhara chakra proporciona estabilidade emocional e física, além de promover um senso de segurança interior.
Ao viver em harmonia com o corpo, nos reconectamos com a nossa essência e encontramos equilíbrio nas atividades diárias.
Através da repetição do mantra Oṁ, cultivamos a paz interior e a clareza mental, essenciais para uma vida plena.
A verdadeira viagem de descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos. – Marcel Proust
As práticas apresentadas aqui são apenas um registro valioso para estudo e referência. Elas não pretendem, nem podem, substituir a orientação direta de um professor de yoga.
Sendo assim, não é interessante a prática solitária em casa, caso você não tenha experiência prévia nesse tipo de meditação. Recomendo enfaticamente que aprenda essas técnicas diretamente com um professor qualificado.
Leita também: Bandhas yoga: contrações para trabalhar a energia vital
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